sábado, 23 de junho de 2012

"As brumas de Avalon: A senhora da magia", de Marion Zimmer Bradley




Título: As brumas de Avalon: A senhora da magia
Título original: The mists of Avalon
Autora: Marion Zimmer Bradley
Ano: 1979
Adaptado para cinema/Tv? Sim - The mists of Avalon (2001, EUA, ALE, REC)


"As brumas de Avalon" é uma obra de ficção (fantástica? de fantasia? Mirane, esclareça-nos!) que no Brasil foi dividida em quatro volumes e, por esse motivo, temos aqui subtítulos. A série trata basicamente da formação da Bretanha do ponto de vista feminino e pagão, passando por questões político-religiosas, morais, e narrando os fatos de mais ou menos 70 anos de história.

O primeiro volume, "A senhora da magia", focaliza a vida de Igraine, uma jovem pagã (leia-se não cristã ou celta), casada com o Duque Garlois da Cornualha e mãe de Morgana. A jovem é da linhagem de Avalon, a "terra perdida", e é pressionada por sua terra a se casar com Uther Pendragon (pagão!), seu grande amor, para que a profecia se cumpra: o nascimento do Rei Arthur, que salvará a Bretanha e impedirá que Avalon seja definitivamente esquecida. Por outro lado, Igraine é muito responsável e não "quer" trair seu marido. Muitos fatos acontecem até que, quando Morgana cresce, sua tia Viviane (irmã mais velha de Igraine e Senhora do Lago (Senhora de Avalon) leva-a para Avalon para que se torne sacerdotisa da Deusa. Em decorrência daqueles muitos fatos e de outros durante a permanência de Morgana em Avalon, a jovem abandona sua tia e a terra da Deusa.

Ainda minha opinião... (*SPOILER*)
Os conflitos a que me referi acima são basicamente:
1. Relação de Igraine com Uther e nascimento de Arthur;
2. A relação fraternal entre Morgana e Arthur, que é desfeita quando Morgana é obrigada a ir para Avalon;
3. Ida de Morgana a Avalon e sua determinação para seguir os ensinamentos da Deusa;
4. Ritual em que Morgana deita-se com Arthur sem saber que ele é seu irmão, necessário para que ela se torne sacerdotisa e gerem um filho com a linhagem pura de Avalon.

O livro é muito agradável de se ler, ou seja, permite uma leitura fluida e faz com que o leitor fique sempre atento ao que está prestes a acontecer. Tentei não ficar muito ligada nessa coisa "feminista" que a obra traz e, por esse motivo, não fiquei falando sobre isso anteriormente. É interessante notar que todos os personagens, sejam ele de Avalon ou não, são construídos de modo a demonstrar suas qualidades e seus defeitos independentemente de seu posicionamento político ou religioso. Ingenuamente eu esperava que os de Avalon fossem "bondosos" (oi, Viviane!). Esse modo de construção dos personagens faz com que nos identifiquemos com todos de alguma forma, positiva ou negativamente, e faz com que nem sempre gostemos incondicionalmente de alguns deles (no meu caso, Uther, Morgana e Viviane), o que a meu ver é muito bom.

Vale ressaltar que a questão "feminista" está rodeada por muitos fatos importantes para os episódios do enredo, como a sucessão no trono (tanto em Avalon quanto fora dela); os rituais pagãos e cristãos; a simbologia da espada sagrada (Excalibur); a história do Rei Arthur, que é mais simpática contada a partir dessa perspectiva "mística".

Considero essa uma ótima leitura, principalmente para quem gosta de novelas histórias de fantasia, romance, suspense (é, numa certa medida!), densa e suave (eu acho...). Gosto de histórias que me fazem sentir que os personagens foram reais (reais mesmo! não tô dizendo aquele tipo de real que podemos identificar nas pessoas). Sendo assim, vale a pena!

terça-feira, 5 de junho de 2012

"A casa dos espíritos", de Isabel Allende



Título: A casa dos espíritos
Título original: La casa de los espíritus
Autor: Isabel Allende
Ano: 1982
Adaptado para cinema/tv?: Sim - The House of the Spirits (1993, EUA)



O primeiro livro tratado no Livretura é um romance sociopolítico que relata a parte da história do Chile segundo o percurso de três gerações de mulheres, Clara, Blanca e Alba, e de um homem, Esteban Trueba.
Esteban Trueba, o narrador, é um homem obstinado a conseguir mudar sua condição humilde para poder constituir família com Rosa del Valle, uma moça e boa família que possui os cabelos verdes de tão loiros. Clara, a irmã mais nova de Rosa, possui dons sobrenaturais e prevê a morte de sua irmã mais velha. Acreditando ser sua culpa, Clara fica calada por 7 anos (ou seriam 9?), até que prediz a chegada de Esteban para casar-se com ela.
Até então, o cachorro Barrabás e o tio Marcos são elementos secundários da narrativa mas que dão um toque simbólico a todo contexto da infância/adolescência de Clara.
Clara (clarividente!), Férula (irmã de Esteban)  o marido vão morar em Las Três Marias, propriedade que ele comprou e ergueu sozinho (= escravizando dezenas de funcionários), e o casal tem uma filha, Blanca. A menina desde sempre envolve-se com Pedro Tercero (filho do braço direito de Esteban, Pedro Segundo, este, por sua vez, filho do sábio Pedro García). Clara e Blanca envolvem-se com as questões sociais da fazenda, alfabetizando os funcionários e filhos de funcionários e dando instruções sobre saúde. Clara têm mais dois filhos, os gêmeos Jaime e Nicolas. Nesse período, passam a morar na cidade grande (seria Lima?) e Esteban se envolve com a política. Elege-se senador por diversos anos consecutivos pelo Partido Conservador. A partir de então, os fatos são marcados pela tensão entre Esteban e seus filhos e pelas idas e vindas a/de Las Três Marias.
Blanca e Pedro Tercero tentam manter sua relação às escondidas. Jaime torna-se um solitário pensador e se forma em medicina. Nicolas possui o espírito aventureiro como seu tio Marcos (que não chegou a conhecer). Clara continua a ajudar os necessitados mas parece viver em um mundo paralelo, o mundo de seu próprio corpo e de seu próprio espírito. São muitos acontecimentos até a vitória do Partido Comunista e do golpe militar, época em que Esteban já está velho e agora tem a neta Alba.

Ainda minha opinião...
Além dos fatos exemplificados na "sinopse", posso dizer que o que mais me chamou a atenção durante a leitura da obra foi a riqueza de detalhes que a autora apresenta na constituição dos personagens e o nome que ela dá a eles. Esses elementos fazem com que a chegada da ditadura fique mais marcante ainda; por exemplo, o sempre "ditador" Esteban se depara com a ditadura de seu país e começa a ter diferentes reações quanto a essa nova realidade. Outro personagem que considero importante é Esteban García, filho bastardo de Trueba. Todas as passagens em que o dito cujo aparece são marcadas por sua personalidade, a qual parece ter sido herdada, à primeira vista, pelo pai e por sua condição. No fundo não é bem assim...
O livro possui um toque de humor em algumas passagens, principalmente no início, quando Clara "adivinha" onde está a cabeça de sua mãe após o acidente de carro que a matou. Esse humor vai se perdendo conforme a narrativa vai avançando e chegando a seu clímax, ocasião em que o narrador Esteban alterna sua fala com a de sua filha Blanca.

"A casa dos espíritos" vale a leitura por tratar de um tema tão complexo e denso de modo bastante sensível. Ainda estou para entender a razão pela qual não consigo não gostar de Esteban Trueba. Nem Freud explica.



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